segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 24


- Não vai me convidar para entrar?
- Acho melhor não Flávio, eu estou sozinha em casa. 
- Para de bobeira Drica. Não confia em mim? 

Ficamos conversando na sala, deixei a porta aberta e a tv ligada, isso me dava uma sensação de segurança. Quando o Flávio chegou eu já não estava mais chorando, mas ao começar a falar novamente do assunto, foi impossível conter as lagrimas. O Flávio tentou me consolar, disse que tudo ficaria bem e que ele sempre estaria ao meu lado, mas foi em vão. Eu me sentia fraca, impotente, um lixo. Não entendia por que tudo aquilo estava acontecendo comigo. Eu não tinha cometido nenhum pecado, mas ninguém quis me ouvir, eu me sentia injustiçada. Contei pra ele tudo o que eu estava passando na igreja, na forma que as pessoas estavam me tratando, das fofocas, das mentiras ao meu respeito, do que a Gabi tinha feito, e que por culpa dela toda a igreja agora estava achando que eu estava em pecado, falei da vergonha que eu estava sentindo e que eu sentia vontade de sumir e nunca mais ter que aparecer naquela igreja. O Flávio mais uma vez me abraçou, dessa vez com um pouco mais de intimidade, o abraço dele era acalentador e firme, aquele abraço conseguia fazer mesmo que por alguns minutos eu me sentir segura. Eu conseguia sentir o coração dele bater com firmeza, a mão dele parecia suar, e eu conseguia sentir sua respiração forte sobre meus ombros. Ele parecia estar segurando para não chorar, foi ai que me dei conta que estava sendo difícil para ele também. Ele também estava passando por uma barra, ainda morava de favor, tinha saído de pastor, era injusto eu falar dos meus problemas e esquecer dos deles. Então abracei ele mais forte, na intenção de igualmente consola-lo. "Eu também estarei sempre do seu lado Flávio, sempre!" 

Ele olhou fixamente nos meus olhos, como se quisesse me decifrar, e falou num tom de voz tão baixo que quase não deu para escutar.

- Eu te amo Drica! 
- Eu também Flávio, eu também... 

Nos beijamos simultaneamente, não dá para dizer que foi ele ou se foi eu que deu o primeiro passo, foi simultâneo. Os lábios dele pareciam se encaixar perfeitamente aos meus, aquele beijo me tirou de órbita. não conseguia pensar em mais nada, sonhei com este beijo por meses e finalmente estava acontecendo, e foi tão espontâneo. Meu coração palpitava, parecia que finalmente as coisas iriam dar certo pra nós dois. Foi um momento perfeito. 

CONTINUA...







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