quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Final!


A proposta parecia ser muito importante, o Flávio não quis falar por telefone, então marcamos de nos encontrar na minha igreja mesmo, para poder conversar. Avisei meu pastor com antecedência que eu iria lá e conversaria com o Flávio, ele permitiu, mas disse que ficaria por perto.  Cheguei antes do Flávio, e enquanto esperava ele chegar, para ajudar a me distrair e diminuir o nervosismo, fui fazer ponto de fé na porta da igreja. Peguei alguns jornais, e parava as pessoas que passavam na rua, quando avistei o Flávio vindo em minha direção. Tive na hora uma sensação de Déjà vu, da primeira vez que nos encontramos, mas dessa vez quem estava com os jornais na mão era eu.

Entramos na igreja e sentamos nos bancos para conversar, o pastor nos observava de dentro da salinha de obreiro. O Flávio estava bastante sério, e aparentemente nervoso, suas mãos suavam e ele não parava de estalar os dedos, mordia os lábios enquanto me encarava fixamente nos olhos, foi quando finalmente tomou coragem e disse.

- Drika, apesar de ter voltado a pouco tempo para a obra, somando o tempo anterior já estou a bastante tempo na obra e o bispo já conhece meu trabalho, e então me chamou para poder ir pra fora com ele junto com outros pastores.

Para fora? Não poderia ser o que eu estava pensando, logo agora que nos reencontramos ele vai pra fora do pais? Mais uma vez vou ter que sofrer com a dor da separação?

- O Bispo quer que eu vá para Portugal com ele. O Bispo Jean vai tomar conta de Portugal e selecionou alguns pastores para poder ir com ele, inclusive a mim.

Lagrimas começaram a descer sobre meu rosto naquele momento, eu não esperava por isso, me senti uma tola naquele momento. Como eu fui boba em acreditar que poderíamos ficar juntos novamente.  

- Calma meu amor, ainda não terminei de falar, não precisa chorar... - Todos os pastores que vão já são casados, a maioria regional, e ainda assim o bispo me escolheu, Deus esta contando comigo Drika!

- Ta ligado Flávio, fico muito feliz por você. Você merece...
- Eu ainda não terminei Drika, não se precipite. Como eu sou o unico pastor solteiro da lista, o bispo disse que se eu tivesse alguém especial, ele liberaria meu casamento, e eu falei de você, ele quer te conhecer ainda hoje.

Não pude acreditar no que estava ouvindo, me casar? este era meu maior sonho, nada poderia me fazer mais feliz naquele momento. E então imediatamente fui junto com o Flávio para a entrevista com o bispo. Acho que pelo fato de ter sido tão em cima da hora, nem tive tempo de ficar nervosa, pelo contrario, estava segura. Servir a Deus no altar e ainda com o homem que eu amo seria a maior realização da minha vida. Eu sei que não vai ser nada fácil, que é um caminho arduo que só permanece quem tem o verdadeiro chamado. Que eu teria que me despir de toda vaidade, do meu ego, de orgulho, e engolir muitos sapos. Mas eu venho me preparando para isso por anos.Era o sonho de Deus se realizando em minha vida.

Conversei com o bispo durante horas, ele me perguntou sobre absolutamente tudo, sobre minha família, talentos, profissão, estudos, minhas história com o Flávio, minha história como obreira, minhas amizades, se eu já tinha viajado pra outro pais... Foram tantas perguntas que cheguei a ficar tonta, mas ao final o bispo liberou nosso casamento.

Foi muita correria, mas nos casamos em três meses, e viajamos para Portugal no dia seguinte do nosso casamento. Mau tivemos tempo para a lua de mel, mas a obra de Deus é assim mesmo, abrir mão do que queremos, para fazer o que Deus quer. Quem diria que isso tudo aconteceria comigo? Quem diria que eu e o Flávio Voltaríamos a ficar junto?  Parecia impossível e aos olhos humanos era impossível mesmo, mas como diz a canção, "O impossível é pra quem não tem um sonho, e não crer que pela fé tudo é capaz!"


FIM!!!

Diário de uma ex- obreira - Capitulo 51 - Penúltimo Capitulo


Fiquei olhando aquele papel com o telefone do Flávio por horas, e depois por dias, não tive coragem de ligar pra ele. Desse vez teria que começar da maneira certa, só de pensar de sofrer tudo de novo meu coração se apertava, foi doloroso de mais quando o Flávio me deixou, não poderia correr o risco de passar por isso novamente. Quando terminamos, foi a pior dor que senti em toda minha vida.Mas apesar de não sofrer mais por ele e Deus ter confortado meu coração, quando eu o vi lá no evento, tive a certeza, eu nunca havia o esquecido.

A maioria das pessoas na nossa situação teriam seguido a vida em frente, encontrado outra pessoa, mas nem eu nem o Flávio se quer tentamos namorar outra pessoa, mesmo depois de tanto tempo. No fundo sabíamos que o nosso coração pertencia um ao outro.

O Flávio não pegou meu telefone, então se eu quisesse, eu teria que ligar, então depois de algumas semana resolvi ligar:

- Alo, Flávio?
- Pensei que não me ligaria nunca. O celular não saiu da minha mão des que nos vimos da ultima vez, cheguei até a pensar que o celular estivesse estragado, rsrsrs. Esta tudo bem com você meu amor?

Ele me chamou de "meu amor", como pode depois de tanto tempo sem nos falar, sem nos ver, continuarmos nos falando com tanta intimidade, com tanto carinho? Começamos a conversar e quando dei por mim já estávamos a trés horas no telefone, mas parecia minutos.

-Drika, você ainda me ama? Ainda quer passar o resto dos seus dias ao meu lado? Você me perdoa por ter te deixado?
- Sim, eu perdoo, sei que você fez isso por mim. E sim, ainda te amo, e ainda mais do que amei antes. O que é o amor se não sacrificar o que queremos pelo bem do outro? E foi exatamente o que você fez por mim. Te amo Flávio.
- Ótimo, então tenho uma proposta para te fazer.

CONTINUA..

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 50



Disse pro Flávio que precisava ir, na esperança que ele não apresentaria resistência, eu não estava pronta pra conversar com ele, não sabia o que dizer, mas o Flávio insistiu em me acompanhar até onde o obreiros estava, e eu acabei cedendo.

No caminho ele começou a me contar tudo o que tinha acontecido, des que terminamos e ele voltou para a casa dos pais. Eu tentei contar o que tinha acontecido comigo também, mas ele disse que não precisava, que já sabia tudo sobre mim.

- Drika, eu prometi nunca te deixar, e nunca te deixei. Sei de tudo o que aconteceu com você des que eu parti, você não me via, mas de alguma forma, eu sempre estive por perto.

Ele me contou que assim que chegou na igreja da cidade começou a fazer as aulas de candidato a obreiro, e em poucos meses já era obreiro novamente, logo pegou a liderança do grupo de evangelização e a reunião de quinta-feira e a de sábado pra fazer, e a poucas semanas tinha voltado pro altar, e por esse motivo acabou perdendo o contato com o Obreiro Paulo, mas ainda assim, ele sempre dava um jeito de saber como eu estava, e estava extremamente feliz em saber que eu tinha voltado de obreira e estava bem. Foram só alguns minutos conversando, mas o suficiente para a intimidade que tínhamos antes voltar, parecia que nunca havíamos nos separado.  O Flávio disse que estava auxiliando numa igreja não muito longe da capital, e deixou o número de telefone dele caso eu resolvesse ligar.

Encontrei com o obreiro Guilherme e a senhora que me esperavam e fomos embora, liguei pro pastor avisando que já estava tudo bem e após deixar ela em casa, fui embora para minha casa. O Flávio foi ao encontro do ônibus da igreja que ele estava de auxiliar, e eu fui o acompanhando com os olhos até o perder de vista.

CONTINUA...

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 49


Eu estava exausta de mais, e já estava caminhando a alguns minutos, minhas pernas começaram a se negar a andar, o sol continuava muito quente, e minha pressão parecia que estava baixando, por um instante achei que iria desmaiar, procurei um lugar para me apoiar mas foi em vão, eu estava indo ao chão. Eu estava perdendo a consciência e fui caindo, parecia que alguém estava me segurando, pois não senti a queda, mas estava tonta de mais para conseguir ver quem era, até que perdi por completo a consciência. 

Minutos depois fui recobrando a consciência, eu estava com a cabeça no colo de alguém, e este alguém me abanava e chamava pelo meu nome, minha vista continuava embaçada e eu continuava sem saber quem era. Mas era alguém conhecido, pois sabia meu nome. Aos pouco eu ia melhorando, e quando finalmente consegui ver quem era, quase desmaiei novamente. Meu coração disparou, meu corpo inteiro tremia, senti falta de ar, e lagrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Era coincidência de mais pra ser verdade. Por um momento achei que era alucinação, mas era mesmo o Flávio que estava ali, ele estava bem ao meu lado quando eu desmaiei e eu não o vi, ele me segurou evitando a queda. Fiquei sem reação. 

- Drika, Drika, Drika... Você esta bem? isto tudo foi emoção ao me ver? 

O Flávio não tinha perdido seu senso de humor, mesmo eu ali passando mau ele não perdia a chance de me fazer rir. Dei um sorriso e me levantei vagarosamente. Ele continuava lindo, estava com exatamente a mesma roupa que usava na primeira vez que eu o vi. Calça social preta, sapato preto, e camisa social branca, e ele continuava com o mesmo sorriso estonteante de sempre. 

Eu já havia o esquecido, mas o ver naquele momento reviveu todo o sentimento que estava guardado a sete chaves, todo o amor que eu sentia por ele voltou no momento em que olhei nos seus olhos.O mesmo frio na barriga, o mesmo bater do coração, a mesma alegria toda vez que ele falava meu nome. Quando dei por mim ele estava com o rosto bem perto do meu e nos encarávamos sem ao menos dar uma palavra, parecia que íamos nos beijar, mas não, ambos estavam paralisador. E foi ai que meu telefone tocou. Era o Obreiro guilherme avisando que tinha encontrado a senhora, que ela estava apenas comprando um cachorro quente e acabou se perdendo, e eu deveria ir logo para podermos ir embora. 

CONTINUA...

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 48


Na saída do banheiro, pensei ter visto o Flávio de longe, mas tinha muita gente lá, rapidamente o perdi de vista, e nem tinha certeza se era ele mesmo. Provavelmente era só meu cérebro projetando aquilo que eu gostaria de ver, mas ainda assim meu coração disparou. Só de pensar em estar novamente no mesmo lugar que o Flávio, meu corpo estremecia. Rapidamente tirei tirei esta ideia dos meus pensamentos, não poderia ser ele, ele mora muito longe pra ter vindo a este evento, até onde eu soube a cidade dele não viria, além do mais as pessoas que eu marquei de encontrar não consegui ver por causa da multidão, era impossível eu encontrar ali com ele. Voltei rapidamente para onde estava o povo da minha igreja.

O evento já estava no final, havia corrido tudo bem, almas tinham sido ganhas pra Jesus, e eu me sentia feliz, e extremamente cansada, mau podia sentir minhas pernas de tanto cansaço, o dia foi exaustivo. Já estamos prontos para entrar no ônibus para podermos ir para casa, quando um dos membros percebi que estava faltando uma senhora que havia vindo com o gente, procuramos por ela por toda parte, mas ainda tinha muita gente e não conseguimos encontra-la, o pastor já estava nervoso, a ponto de explodir, o calor deixava as pessoas que estavam dentro do ônibus a espera impacientes. Já estávamos a quase uma hora procurando a senhora que havia se perdido e nada. No auge do extress resolvi dar uma resolução para aquele problema.

_ Pastor, acho melhor o senhor ir embora com o ônibus, esta todo mundo impaciente. Deixe que eu fique aqui e encontre ela, eu conheço bem a região e posso ir embora de ônibus. Assim que eu encontra-la ligo para o senhor e te aviso.  Eu levo ela em casa, tenho algum dinheiro aqui que da para nossa passagem.

O pastor sem ver outra alternativa concordou, mas pediu que outro obreiro ficasse comigo para que eu não fosse embora sozinha. Combinei com o obreiro que ficasse esperando ali onde estava nosso ônibus, que era onde haviamos combinado de encontrar após o evento, para caso a senhora aparecesse por lá, e eu iria procurar junto a multidão, eu conhecia a região melhor do que ele, então assim ficou combinado. Quem achasse ela primeiro ligaria um para o outro.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Diário de uma ex-Obreira - Capitulo 47


O bispo responsável pelos obreiros em todo o brasil marcou um mega evento num poliesportivo da cidade, trabalhamos por dois meses para este evento, cada igreja tinha que encher no mínimo 4 ônibus, devíamos convidar principalmente pessoas afastadas, ex-pastores, ex-obreiros, ex-membros, pessoas que outrora estavam lutando pelas almas junto com a gente e hoje estavam perdidas, mas o evento era também para membros, obreiros, pastores e toda a comunidade. Não se falava em outra coisa no estado, era o evento mais esperado do ano, pois o bispo estava em caravana por todos os estados do Brasil, e o nosso havia sido praticamente o ultimo. O Poliesportivo era bem grande, então viria todo o estado em caravana, inclusive o pessoal do interior, o evento seria até televisionado, contaria com apresentação de dança, teatro, cantores. O Objetivo principal era resgatar almas perdidas, que um dia estiveram ao nosso lado na fé.


E o grande dia finalmente chegou, era um feriado importante, então ninguém tinha desculpa para não ir. Acordei as 6hs da manha para começar a chamar o povo, o ônibus sairia da igreja as 10hs em ponto. Como eu ficaria o dia inteiro por conta disso, coloquei uma roupa bem confortável, calça jeans, tênis, e a camisa da Força Jovem, fiz um rabo de cabelo, e uma make bem leve, para não borrar com o calor durante o dia.  O evento começaria as 14hs e iria até as as 17hs, e como não daria tempo de almoçar, então levei na bolsa uma garrafinha com água pra hidratar, e algumas barrinhas de cereais para eu comer no decorrer do dia, para enganar a fome. Levei algum dinheiro para o lanche, caso fosse necessário. Cheguei no local do evento já cansada e suada, era um dia bem quente, era um daqueles dias que eu evitava o espelho, pois não estava muito apresentável, mas a aparência era a ultima coisa que me importava naquele momento, eu tinha sede de ganhar almas e nada tiraria meu foco.  

Nunca vi tanta gente em um só lugar, isso enchia meu coração de alegria, tanta gente ali reunida em um só objetivo, buscar a Deus. Combinei anteriormente com algumas amigas que não via faz tempo de nos encontrarmos lá, pelo menos para poder dar um abraço, pois tempo para conversar certamente não teríamos, mas foi em vão ter combinado, tinha tanta gente lá, que não consegui encontrar nenhuma delas, estavam lá, perdidas no meio da multidão, e eu não tinha tempo de ficar procurando, mas mesmo se tivesse, dificilmente as acharia, tinha mais pessoas lá do que imaginávamos.

O bispo começou orando pelo estado e pelo pais, orou pelas famílias e depois pelas pessoas que não puderam estar ali, orou pelos viciados e milhares de mulheres que sofrem abusos. Logo após deu uma palavra de fé e fez uma oração de libertação e logo após uma busca ao Espirito Santo. Após isso começou as atrações, como dança, e canto. Nesse momento aproveitei para ir ao banheiro.

CONTINUA...

Diário de uma ex-obreira - Capitulo 46


O tempo foi se passando, somando tudo que aconteceu, dês que eu conheci o Flávio, sai de obreira, e voltei, no total se passaram quase quatro anos, e nesse período muita coisa aconteceu. Eu e a Gabi voltamos a ser grandes amigas, nos perdoamos por todos os maus entendidos, não tinha motivo para continuarmos sem nos falar, só que dessa vez apenas, aprendi a ter mais cuidado com o que eu falo com os outros e meu confidente é apenas Deus. A Mariana depois da confusão com o noivo dela, a traição, ela ter saído de obreira e também da igreja, ela sofreu muito, teve outros relacionamentos frustrados no mundo, ficou com o coração cheio de magoas e chegou até a tentar o suicídio, eu finalmente consegui me reaproximar dela, pedi perdão por tudo o que fiz e por tudo que estava acontecendo por minha culpa e prometi ajuda-la, Fiz as correntes de libertação junto com ela e com muita luta ela se libertou, e agora esta na luta para ter um encontro verdadeiro com Deus e voltar a ser obreira. O Paulo noivou com a Joice, eles estavam extremamente felizes, e a Joice se tornou uma grande amiga, apesar de vez ou outra ter uma crise de ciumes, mas no final sempre acabávamos dando risada de tudo.

Aos poucos Deus restituiu tudo o que eu havia perdido, voltei como líder do grupo de dança, e a evangelizar com os outros grupos, tinha menos tempo que antes, pois trabalhava, estudava e cuidava de casa, mas eu fazia tempo pra Deus e dava o meu melhor neste tempo. Eu me entreguei para Deus e Ele estava tomando conta de todas as áreas da minha vida, tudo estava fluindo, caminhando, vez ou outra enfrentava situações difíceis e problemas, mas nunca me abalava, Deus sempre estava ao meu lado e eu sempre vencia. Minha família aos poucos estava sendo restituída, meu pai começava a ir na igreja comigo e estava extremamente carinhoso comigo, foi-se criando um laço de amor muito grande entre nós dois, algo que antes não havia. Conclui o ensino médio e estava cursando a faculdade de administração, área que sempre achei que passaria longe, mas me apaixonei logo nos primeiros semestres, meu coração estava finalmente curado, não havia mais nele tristeza, raiva, rancor ou qualquer tipo de dor, e me tornei ainda mais forte.  Estava trabalhando para pagar a faculdade como recepcionista em um hotel importante da cidade, os cursinhos de ingles que fiz anteriormente haviam me ajudado a conseguir este emprego, e eu amava.

CONTINUA...